Seminário discute desafios em sistemas prediais

Desafios do momento atual, descarbonização de empreendimentos, carregamento de veículos elétricos, e inovação em medição de gás foram alguns dos destaques da primeira parte do 20º Seminário Tecnologia de Sistemas Prediais, realizado em 11 de junho, lotando o auditório do SindusCon-SP.

Renato Genioli, vice-presidente Financeiro do SindusCon-SP

Abrindo o evento, Renato Genioli, vice-presidente Financeiro do SindusCon-SP, destacou a satisfação redobrada pelo fato de o evento acontecer no ano em que a entidade celebra seus 90 anos.

“Carregamos uma tradição de um forte associativismo dedicado à construção do Brasil. E assim atravessamos nove décadas enfrentando e superando os mais diversos desafios. Graças ao empenho das sucessivas lideranças da construção e do SindusCon-SP, hoje o setor é reconhecido como um dos principais protagonistas do desenvolvimento do país”, afirmou.

Luis Fernando Bueno, coordenador do CTQ do SindusCon-SP

O vice-presidente relacionou algumas realizações da atual Diretoria da entidade, como a busca de soluções para amenizar a escassez de mão de obra qualificada, a conquista de um tratamento diferenciado para a construção na reforma tributária, a manutenção da desoneração da folha de pagamentos neste ano e o lançamento da nova versão da CECarbon. E agradeceu aos patrocinadores, palestrantes e apoiadores do seminário.

Luis Fernando Bueno, coordenador do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP, parabenizou Lauro Ladeia, Renato Genioli, Renato Mesquita e Maria Angélica Covelo Silva pela realização do evento. E relatou as atividades do CTQ em favor da qualidade e da produtividade das empresas associadas ao SindusCon-SP.

“Os Grupos de Trabalho do CTQ estão abertos à participação de todos os que voluntariamente desejam se unir a nós e contribuir para o fortalecimento das nossas empresas. Precisamos de gente empolgada e disposta a trabalhar em prol da engenharia e do país”, afirmou.

Lauro Ladeia, coordenador do GT Sistemas Prediais

Lauro Ladeia, coordenador do GT Sistemas Prediais, agradeceu a todos os que colaboraram para esta e para as edições anteriores do evento, especialmente à Maria Angélica. “Estamos vivenciando tempos de inovação, sustentabilidade, desafios de escassez de mão de obra e busca por maior produtividade e industrialização. Não são temas novos, mas acredito que este seminário tem uma grande importância nesta provocação a todo nosso público. Ele foi montado pensando justamente nisso”, salientou.

Evolução dos sistemas prediais

Carlos Henrique Pereira de Oliveira, vice-presidente de Relações Técnicas da Abrasip (Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais) e sócio da Prolux Engenharia, mostrou em sua apresentação a evolução dos sistemas prediais nos anos 2000 e os desafios atuais. Destacou as mudanças de projeto, tecnológicas, de sustentabilidade e eficiência energética, bem como o BIM (Modelagem da Informação da Construção), as novas normas técnicas e as modificações na legislação, desde a primeira edição do seminário em 1997. E relacionou as mudanças que também atenderam a novos hábitos pós-pandemia, à acessibilidade e à conectividade.

Com isso, prosseguiu, ampliaram-se as disciplinas de sistemas prediais, novos materiais surgiram, mudou-se a forma de projetar e se ampliou o custo do projeto e seu tempo de elaboração. Ele preconizou se pensar na documentação de projeto como se fosse uma indústria, requerendo novas formas de aplicação do BIM.

Descarbonização

Alberto José Fossa, diretor da Newen Engenharia Consultiva e diretor executivo da Abrinstal (Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência de Instalações), relatou em sua apresentação os desafios e caminhos para a descarbonização nos sistemas prediais. Destacou a importância da CECarbon para quantificar as emissões na construção de edificações, a fim de diminuí-las. Ressaltou a importância de obtenção de dados confiáveis e de transparência nessas medições. Alertou ser preciso pensar em sistemas prediais que sobrevivam a episódios climáticos como as enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul.

Fossa observou que a eficiência energética, embora seja muito relevante, não é enfrentada de forma eficiente: buscam-se soluções, mas acaba-se retornando ao mesmo nível de gasto de energia. Ele defendeu a necessidade de se incorporar o conceito de gestão nos empreendimentos da construção e de orientar o usuário final a gerenciar o uso da energia.

Comentou que o desempenho energético nos empreendimentos depende do equacionamento da tecnologia a ser utilizada, e do volume e da qualidade do consumo de energia. Há que se fazer a ligação com o controle das emissões de gases de efeito estufa, e aqui entra mais uma vez o potencial da CECarbon para a mitigação e a compensação, segundo ele.

O especialista recomendou analisar-se todo o ciclo de produção e descarte dos empreendimentos, envolvendo projetistas e construtores; olhar como reduzir o consumo de energia por meio de eficiência energética; descarbonizar a eletricidade; mudar para eletricidade e combustíveis de baixo carbono; capturar a emissão residual de combustíveis fósseis, e promover tecnologias de emissões negativas ou compensação.

Para os sistemas prediais, recomendou: sistemas de automação inteligentes, sistemas de gestão de energia, integração com energia renovável, integração com redes inteligentes, soluções de armazenamento de energia e serviços integrados, e data analytics e machine learning para otimização de desempenho energético.

Smart Meters

David Penna Ribeiro, gerente de Engenharia da Comgás

David Penna Ribeiro, gerente de Engenharia da Comgás, abordou em sua apresentação o tema da tecnologia Smart Meters, que será aplicada a todos os novos empreendimentos. Este novo medidor de gás embute tecnologia embarcada, monitora a frequência do consumo, permite bloqueio remoto e traz segurança em situações de riscos. Possibilita leitura do consumo em nuvem, dispensando presença física. Traz à construtora eficiência na instalação das prumadas e redução de custos. E permite ao cliente controlar o consumo, inclusive por meio de aplicativo, evitando desperdícios. Com isso, não haverá mais medição coletiva das unidades.

Carregamento de veículos elétricos

Paulo Rewald, diretor da Rewald Engenharia e diretor de Normalização do Secovi-SP

Paulo Rewald, diretor da Rewald Engenharia e diretor de Normalização do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), mostrou em sua apresentação as implicações de projeto e segurança de carregadores de automóveis elétricos em edifícios. Ele analisou a proposta de portaria do Corpo de Bombeiros, cuja consulta pública foi prorrogada até o final de agosto. Relacionou a legislação e as normas nacionais e internacionais existentes e em elaboração. E relatou as ações do SindusCon-SP junto com outras entidades em relação à questão, e que resultarão nas propostas a serem apresentadas ao Corpo de Bombeiros para a elaboração do texto final da portaria.

Segundo Rewald, o risco de incêndio por carregamento é diminuto. O importante é o correto dimensionamento da instalação elétrica. Toda instalação precisa ter DR, disjuntor e DPS, e ser aterrada. Também é preciso haver controle da demanda em garagens coletivas.

CECarbon

Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-SP e superintendente do ABNT

CB002 – Comitê Brasileiro da Construção Civil da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), fez uma apresentação sobre a CECarbon. Lembrou que sua utilização é gratuita, trazendo duas medições: quanto se emite de gases de efeito estufa e quando se consome de energia. Com isso, a ferramenta permite refletir sobre descarbonização do empreendimento desde a fase de projeto.

Lillian mostrou o alinhamento da CECarbon com políticas públicas de municípios e da Caixa Econômica Federal. E relatou que recentemente se extraíram os primeiros indicadores setoriais de emissões e consumo, com base nos dados de 109 empreendimentos.

Na ABNT, prosseguiu, preparam-se normas a respeito. Em paralelo, informou, nova versão do guia de eficiência energética será lançada pelo Comasp, incluindo o carregamento de carros elétricos. E está em preparação o cálculo da pegada hídrica.

Curso universitário

David Fratel, coordenador do GT de RH do CTQ

David Fratel, coordenador do GT de RH do CTQ, mostrou em sua apresentação a programação do curso de Gestão de Sistemas Prediais, fruto do convênio entre o SindusCon-SP e o Instituto Mauá de Tecnologia. Ele anunciou que as aulas do módulo de gerenciamento já se iniciaram, e no segundo semestre será aberto o segundo módulo, dedicado a projetos.

Os debates que se seguiram foram conduzidos por Renato Genioli e Lillian Sarrouf. Genioli relatou que em Montreal, a exemplo de outras cidades do Primeiro Mundo, não há distanciamento entre vagas de garagem nem sprinklers para o carregamento nos empreendimentos em construção.

O evento conta com o patrocínio da Atlas Schindler, Barbie e da Comgas. O parceiro institucional é o Estadão.

 

Fonte:  SINDUSCON -SP – Por Rafael Marko–  11/06/2024

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