Em reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o setor da construção levou a preocupação com a falta e o aumento dos preços de insumos e ainda pediu redução do Imposto de Importação do aço. Além disso, foi mostrado que, se nada for feito, quem vai pagar a conta será o consumidor e o próprio governo, pois o aumento de custo deverá ser repassado aos preços. Guedes, segundo participantes da reunião, apenas ouviu os representantes do setor, mas não assumiu compromissos.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, apresentou ao ministro indicadores do mercado imobiliário - como de vendas de imóveis e a evolução dos preços dos materias desde junho do ano passado - e as principais dificuldades do setor como a falta ou alto custo da matéria, elevada carga tributária, demanda interna insuficiente e burocracia excessiva. “Tentamos demonstrar que os empresários estão tirando o pé do acelerador, quem sabe colocando até no freio, de medo do futuro. Todo o custo vai cair no consumidor ou no governo”, disse ao Valor. “Esperamos tê-lo sensibilizado”, contou o dirigente.

A CBIC tem defendido a redução da tarifa de importação da matéria prima. Neste aspecto, segundo Martins, Guedes afirmou apenas que está negociando no âmbito do Mercosul uma redução de 10% do Imposto de Importação. Na segunda-feira, representantes do Instituto Aço Brasil se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, além do próprio Guedes, para mostrar resultados do setor e se posicionar contra a proposta de redução da tarifa de importação do aço.

O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, disse que também foi dito a Guedes que o déficit habitacional do país é de 7,8 milhões de moradias e que há uma necessidade de construção de 11 milhões no futuro para garantir o equilíbrio da cadeia produtiva. “A gente puxa o PIB brasileiro. Então, quando se fala de retomada em V da economia, com o caminho da vacinação, a gente olha para esse mercado que tem capacidade de absorção e empregabilidade muito rápido, o que pode ajudar na redução do desemprego no Brasil rapidamente”, disse.

França reforçou que foi levada a preocupação com os custos em geral, o que pode fazer com que os preços das moradias não caibam no bolso do consumidor. “Ele escutou bastante e se mostrou sensível a todo esse aspecto e à importância do segmento para a recuperação da economia brasileira”, afirmou o presidente da Abrainc.

Segundo Martins e França, o ministro destacou no encontro a necessidade de aprovação das reformas tributária e administrativa. Além disso, frisou que negocia com o Mercosul a redução em 10% das alíquotas de Importação.

 

Fonte: Valor Econômico - Brasil, por Edna Simão — De Brasília, 18/06/2021