A crítica à Selic foi feita em jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil na quarta-feira (29) com empresários, em São Paulo.
“Como a casa era financiada no Brasil desde a década de 1960? O modelo foi ancorado na poupança. Quando a taxa de juros está muito elevada, é desfavorável manter o dinheiro na conta. E, hoje, qualquer pessoa pode transferir o seu recurso facilmente para algo muito mais rentável”, afirmou.
Segundo ele, se os juros continuarem no atual patamar, a poupança “vai morrer”. “E ela morrendo, não haverá mais funding para financiar a casa própria no Brasil, fundamentalmente para a classe média.”
O financiamento habitacional direcionado à classe média é uma das apostas do presidente Lula para vencer a resistência deste segmento na campanha do ano que vem, quando disputará a reeleição.
O ministro destacou que é preciso encontrar alternativas de financiamento habitacional, sobretudo, para a classe média.
Segundo ele, a proposta do governo é construir um novo modelo que seja sustentável no longo prazo e faça a transição do sistema atual, que vigora desde a década de 60 e determina que 65% do dinheiro captado na poupança deve ser direcionado para financiar a compra da casa própria e 20%, recolhido como depósito compulsório junto ao Banco Central.
A reformulação permitirá aos bancos acessarem novos fundings para o setor da habitação e, à medida em que fizerem isso, poderão usar livremente o dinheiro captado na caderneta de poupança.
Para o ministro, a ideia é que assim as instituições financeiras migrem gradualmente para um novo modelo de financiamento, mais sustentável no futuro. Na primeira fase de implementação desse novo sistema, os bancos usaram o volume que até então era recolhido como depósito compulsório junto ao BC.
Na conversa, o ministro citou também modalidades de financiamento para obras de infraestrutura, em áreas como saneamento, mobilidade e desenvolvimento urbano.
“Só neste ano, foram R$ 30 bilhões em debêntures incentivadas feitas pelo Ministério das Cidades em obras de infraestrutura do país. E vamos ampliar muito mais. Há diversos projetos que estão para serem liberados, como nas áreas de saneamento e de mobilidade”, afirmou.
Fonte: Folha de São Paulo– Por Fábio Zanini – 31/10/2025