Volume de compras de imóveis é ‘contrassenso’ com juros atuais, diz CEO da EZTec

O aumento de 239% no lucro líquido da EZTec no terceiro trimestre de 2024, na comparação anual, para R$ 132,6 milhões, é efeito de um maior volume de vendas e de vendas de lançamentos, segundo a incorporadora.

Esse crescimento de vendas, de 80%, acompanha a alta anual de 717% nos lançamentos, para R$ 694 milhões. Para o presidente da companhia, Silvio Ernesto Zarzur, o aumento é um “contrassenso” diante da atual taxa de juros e do movimento de aumento das taxas. Ele fez a afirmação em teleconferência com investidores, nesta sexta-feira (1º).

Outras incorporadoras também registraram vendas maiores no período, apesar dos juros. O presidente destacou, no entanto, que a empresa tem mantido uma política comercial “agressiva” e com aprovação de crédito “sem criar entrave desnecessário”, o que ajuda nas vendas.

Os resultados da EZTec foram muito bem recebidos pelo mercado. A empresa anunciou, após a divulgação do seu balanço na quinta-feira, dividendos extraordinários de R$ 150 milhões, que vão se somar aos R$ 31 milhões anunciados no trimestre.

Segundo Zarzur, a ideia é melhorar o ROE (retorno sobre patrimônio líquido, na sigla em inglês) da empresa, atualmente em 7,6%. O executivo afirmou que a EZTec tem um plano de longo prazo para atingir 20%, que já foi seu nível histórico.

No entanto, novas distribuições extraordinárias não estão garantidas. “O que está certo sobre dividendos são os 25% [do lucro], fora isso, vamos analisando conforme o período”, afirmou.

A empresa também espera uma geração de caixa maior em 2025, ante a queima de R$ 86,6 milhões no acumulado de 2024. Compras de terreno em menor volume devem contribuir para isso, de acordo com Zarzur. “Nosso banco de terrenos é suficiente para os próximos três anos, devemos ser bem criteriosos na compra e desembolsar menos dinheiro”, disse.

Em relação aos custos de obra, que já foi um problema para a EZTec nos últimos anos, subindo acima do índice de inflação da construção civil (INCC), a empresa relata que isso está sob controle.

A taxa de financiamento para obras, com bancos, também tem se mantido “nos mesmos patamares”, de acordo com Marcelo Ernesto Zarzur, vice-presidente e diretor comercial da empresa, ao menos para projetos previstos para até junho de 2025.

A preocupação, segundo Emilio Fugazza, diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, é com o cliente final, que pode ter mais dificuldade para se enquadrar no financiamento imobiliário e necessitar de financiamento direto da incorporadora.

A EZTec tem crescido sua carteira de alienação fiduciária, com esse propósito, que encerrou o terceiro trimestre em R$ 472 milhões.

Imóveis corporativos

O presidente da EZTec afirmou que a companhia deve concluir a primeira das duas torres do empreendimento Esther Towers até o fim de 2025, de forma especulativa, ou seja, mesmo que não haja locações já definidas. A empresa também quer entregar, ainda no primeiro semestre de 2025, seu outro projeto corporativo, o Air Brooklin.

Anteriormente, a estratégia da empresa era aguardar o fechamento de um contrato com locatário para só então finalizar as obras.

Segundo Zarzur, a mudança vem da percepção de melhora de demanda por escritórios na cidade. Os dois projetos, somados, possuem 101,5 mil metros quadrados de área bruta locável.

Lindenberg

A parceria com a construtora de luxo Lindenberg, iniciada em 2022, deve ganhar nova fase em breve. Na teleconferência, Zarzur afirmou que a capitalização da Construtora Adolpho Lindenberg (CAL) já foi concluída, e que agora a EZTec aguarda a realização de assembleias e a aprovação do Cade, o que pode ocorrer dentro de quatro meses.

Com tudo aprovado, a EZTec vai partilhar o controle da CAL com a Lindenberg Investimentos, atual controlador, por meio de acordo de acionistas. Segundo o presidente, a empresa teria 40% de participação no negócio.

Ele afirmou que a associação tem trazido frutos para a própria Lindenberg, que não tinha “condições de se financiar e crescer” antes da parceria.

A EZTec antecipou seu exercício de bônus de subscrição de 2026 e 2027 para 2024 e 2025. Questionado sobre esse adiantamento, o presidente afirmou que o momento atual de mercado é favorável aos produtos da Lindenberg, o que pode não ser o caso ao se aguardar mais três anos.

Fonte: Valor Econômico – Por Ana Luiza Tieghi, Valor — São Paulo, 01/11/2024

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