O saque das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) deverá aliviar a vida de milhões de brasileiros a partir de fevereiro. O governo federal espera, com isso, injetar cerca de R$ 30 bilhões na economia ao longo de 2017.

A expectativa da equipe econômica é que, primeiro, as famílias reduzam o nível de endividamento e também voltem a consumir.

Quem não tiver contas a pagar irá usar esse dinheiro de uma forma um pouco diferente na construção civil — nada de dar a entrada no financiamento da casa própria.

A opinião é do professor da Fundação Getulio Vargas, Itaiguara Bezerra, coordenador da Sondagem da Construção.

— Na minha opinião, as pessoas vão pagar dívidas e se forem focar em construção, ou vão fazer reformas ou vão fazer a autoconstrução, ou seja, elas mesmas vão montar as suas próprias casas. Não vejo que a população tenha como prioridade comprar um imóvel.

Ainda que tenha fechado 2016 com números negativos, as vendas de materiais de construção cresceram 4% em dezembro, em comparação com o mesmo mês de 2015, segundo a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção).

Construcard

Outra novidade que deve fazer com que os brasileiros reformem mais ou construam suas próprias casas é o Cartão Reforma, lançado pelo governo federal em novembro do ano passado que deverá entrar em vigor agora no começo do ano.

O programa prevê liberar, em média, R$ 5.000 para que famílias de baixa renda melhorem e ampliem suas moradias. Ao todo, a União disponibilizará R$ 500 milhões.

Também no ano passado, a Caixa decidiu reformular a linha de crédito do ConstruCard. Até o fim deste ano, o banco prevê liberar R$ 7 bilhões para reformas.

O presidente da Anamaco e também membro do Conselho Curador do FGTS, Cláudio Conz, também prevê que as famílias vão investir mais na reforma.

— A reforma e manutenção da casa foram adiadas em 2015 e 2016. Quando você tem uma queda substancial na construção civil, quem não consegue comprar o imóvel acaba optando pela reforma para esperar mais um pouco. E não é só isso, o muro vai cair, sempre tem algo que precisa arrumar.

Outro fato que vai deixar muita gente mais animada na hora de construir ou reformar são os preços. Segundo Conz, a inflação do material de construção em 2016 foi a metade da inflação oficial, medida pelo IPCA, que foi de 6,29%. O saco de cimento, por exemplo, está custando 5,23% mais barato do que em 2015.

As lojas de materiais de construção em todo o País esperam fechar o ano com crescimento de pelo menos 5%, sendo 3% já no primeiro semestre. 

Fonte: Obras 24 horas, 20/01/2017