O presidente interino Michel Temer receberá, nos próximos dias, o apoio de um segmento expressivo do setor produtivo: a construção civil. No dia 11 de agosto, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) promete levar ao Palácio do Planalto mais de 400 representantes de toda a cadeia da construção, envolvendo construtores, fornecedores e trabalhadores do setor.

"Vamos dizer que reconhecemos a importância e apoiamos as iniciativas do presidente em exercício Michel Temer para promover as eformas estruturais de que o Brasil precisa", disse ao Valor o presidente da CBIC, José Carlos Martins. A entidade possui, atualmente, 82 empresas de construção associadas.

O setor está de olho na expansão do programa Minha Casa, Minha Vida e nos planos de Michel Temer de impulsionar as obras  nacabadas, prioritariamente no valor de até R$ 500 mil. O segmento também encaminhou ao governo sugestões de critérios que podem ser aplicados para alavancar a construção civil, também afetada pela recessão. As dicas são para priorizar a retomada das obras paralisadas com maior percentual de execução, ou então obras localizadas em áreas de risco, que possam ser afetadas pelas chuvas de janeiro (encostas, barragens, etc), ou que tragam maior custo­benefício.

No último dia 15, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciou em Recife, em palestra a empresários do setor, que o governo prepara o relançamento da faixa 1,5 do programa. O público alvo é a classe média, que corre o risco de perder, com a recessão, a melhora no padrão de vida alcançada nos últimos anos. A faixa 1,5 atende famílias com renda entre R$ 1,8 mil a R$ 2,3 mil para financiamento de imóveis até R$ 135 mil.

Em outra frente, Temer encomendou aos governadores e aos ministros um levantamento das obras inacabadas com recursos federais. O ex­ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB­RR), apontou um orçamento  represado de R$ 250 milhões que poderia ser aplicado na retomada dessas obras, relativo aos restos a pagar do orçamento de 2015. Grande parte desses recursos foi empenhada em obras que por diversos motivos não avançaram, desde irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) até falta de licitação. Temer cogita priorizar obras de até R$ 500 mil.

Preocupado com o reaquecimento da economia e com o número de desempregados, que ultrapassa 11 milhões de brasileiros, Temer intensificou o diálogo com o setor produtivo em busca de ações que possam gerar novas vagas no mercado de trabalho. No último dia 30, ao receber apoio de empresários lojistas, ligados à Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB),  Temer lembrou que o primeiro direito social é ao emprego, conforme dispõe a Constituição Federal. "A coisa mais desagradável é você ouvir, como governante, que há 11 ou mais de 11 milhões de desempregados", afirmou.

"Ora bem, para ter emprego é preciso que a iniciativa privada tenha sucesso na sua atuação, porque você só dá emprego se tiver a indústria funcionando, se tiver comércio funcionando, se tiver os vários setores produtivos do país funcionando", completou.

Além das entidades representativas, Temer intensificou o corpo a corpo com empresários. Ontem recebeu o presidente do Banco  Santander, Sérgio Rial. Na quarta­feira, recebeu reuniu­se com Jorge Gerdau, Francisco Turra, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), e Joseph Couri, do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi). Na terça­feira, recebeu Jorge Chammas, do Moinho São Jorge e Raul Padilha, CEO da Bunge Brasil.


Fonte: Valor - Brasil, por Andrea Jubé , 22/07/2016