As empresas que atuam no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no Minha Casa  Minha Vida têm relatado menor inadimplência no fluxo de pagamentos pelos serviços prestados. Em junho, de acordo com a Sondagem da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre­FGV), a proporção de companhias que relataram atraso de mais de 60 dias nas parcelas caiu de 51,8% em dezembro para 35,8% em junho entre aquelas que atuam no programa habitacional e de 78,7% para 62%, na mesma comparação, entre as envolvidas em obras do PAC.

Ainda que a situação no setor da construção seja bastante ruim, inclusive para os agentes com contratos no âmbito dos dois programas, a coordenadora de projetos da construção do Ibre­FGV, Ana Maria Castelo, destaca o resultado como um indício de melhora no ambiente de negócios, que se soma a outras notícias positivas para o setor, como a perspectiva de retomada de obras do PAC e da terceira fase do "Minha Casa".

O quesito especial da sondagem, realizado apenas nos meses de junho e dezembro e com foco nas empresas que atuam em um ou outro programa, apontou que a proporção de companhias do PAC que esperavam diminuição no volume de obras nos próximos 12 meses caiu de 64,3% no fim do ano passado para 41,6%. Por esse mesmo critério, a redução foi ainda mais expressiva entre as construtoras envolvidas no Minha Casa, Minha Vida ­ de 65,2% para 29,7%.

"Os últimos acenos dados pelo governo melhoraram as expectativas dos empresários. Eles estão menos pessimistas que antes, specialmente os do Minha Casa, Minha Vida", diz Ana. Ela lembra que o governo já garantiu que manterá os programas e sinalizou a retomada no curto prazo de obras da faixa 1 ­ medida que pode ter efeito imediato sobre a atividade.
 
Nesse sentido, ela destaca a recuperação do Índice de Expectativas (IE) de curto prazo entre as empresas envolvidas nas obras do programa de moradia popular, um avanço de 12,2 pontos entre dezembro do ano passado e o mês passado. Para as empresas do PAC, a alta foi de 0,4 ponto, desempenho, na avaliação da especialista, que ainda não indica otimismo em relação à retomada do programa nos próximos meses. "A confiança privada começa a melhorar, mas até isso se reverter em novos lançamentos, vendas e obras
será um ciclo longo", afirma.


Fonte: Valor - Brasil, por Camilla Veras Mota, 22/07/2016