SindusCon-SP debateu escassez de mão de obra em evento sobre transformação digital

David Fratel, coordenador do GTRH do Sinduscon-SP, representou a entidade

O setor da Construção Civil se reuniu para discutir a “Transformação Digital nos Canteiros de Obra como Diferencial Competitivo das Construtoras”, em 30 de outubro, na sede do CTE, em São Paulo.

O evento, em parceria com a Autodoc, tornou-se uma oportunidade para discutir como a inovação tecnológica e a transformação digital estão impactando os canteiros de obra, oferecendo diferenciais competitivos para as construtoras. A Enga. Ana Sestak, CEO da AUTODOC, foi a anfitriã do evento.

David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH) do Sinduscon-SP e Diretor Executivo do Grupo Kallas, palestrou sobre a escassez de mão de obra no setor, abordando o momento atual, que é preocupante.

Partindo do tema “Escassez da Mão de Obra”, Fratel discorreu sobre o fenômeno no mundo e no Brasil, levantando as principais causas: envelhecimento da mão de obra, falta de atratividade e renovação da força de trabalho, frentes de inovação e industrialização que não seguem na mesma velocidade da crise e falta de capacitação e qualificação profissional no setor. Foi apresentado o estudo feito pelo SindusCon-SP que detalhou a caracterização do perfil socioeconômico da mão de obra, de autoria da empresa ECCONIT, baseado nos dados do PNAD e IBGE3.

“O trabalhador médio da construção brasileira é homem, pardo, tem cerca de 43 anos e o ensino fundamental completo. Está ocupado predominantemente como conta própria informal. Em 2023, trabalhou em média 38,8 horas e teve renda média de R$ 2.552,99. Esse trabalhador tem escolaridade inferior à média do trabalhador paulista e da indústria de transformação, mas superior ao da agropecuária. Entre 2012 e 2023, a informalidade (conta própria informal e assalariado sem carteira) diminuiu, passando de 63,6% para 62,6% do total de ocupados no setor. Nesse período, a remuneração média caiu 4,5%. No entanto, no período mais recente, observa-se crescimento – em relação a 2019, houve alta de 9,8%”, destacou Fratel.

Foram oferecidas sugestões para atrair jovens da Geração Z, partindo-se do seu perfil de comportamento. Para Fratel, o setor deve estudar carreiras em espiral ascendente, que dê chances ao profissional de passar por diversas áreas da empresa, para aproveitar o perfil multidisciplinar desse jovem. Além disso, prover a relação com comunicação, transparência, promover a participação do jovem em atividades colaborativas, fazer com que ele enxergue no seu superior imediato um verdadeiro líder, ser visto, ser ouvido e ser respeitado dentro da sua empresa são situações que somente irão colaborar com a atratividade. “Precisamos mostrar ao jovem que a indústria da construção civil está se modificando, se transformando, para acolhê-lo, respeitando-se ao máximo as particularidades de comportamento da sua geração”, afirmou Fratel.

Destacou-se também os desafios que envolvem a industrialização e que fazem com que o processo não seja tão trivial e rápido de ser implementado. A inovação também foi tema de discussão, como mola propulsora de melhoria da produtividade.

Por fim, Fratel destacou as ações que o SindusCon-SP vem tomando, através da Diretoria de Educação e do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos, para melhorar a situação da falta de qualificação profissional:

  • Cursos de capacitação profissional, gratuitos, oferecidos nos canteiros de obra, em parceria com o SENAI – SP. “Já somamos mais de 300 formados, desde 2023”, afirma Roberto Pastor;
  • Participação no Comitê Técnico Setorial, sob a coordenação do SENAI-SP, que tem o objetivo de validar os perfis profissionais dos cursos das áreas de Construção Civil, através de um verdadeiro fórum técnico-consultivo composto por representantes da academia, do setor público, dos sindicatos e empresas;
  • Em breve, ocorrerá a assinatura de memorando de entendimentos e termo de cooperação, entre SindusCon-SP e o Estado de São Paulo (Secretaria de Educação), para criação de curso técnico em construção, a ser oferecido a todo o Estado de São Paulo, a partir de 2026;
  • Definição de funções, nomenclaturas e trilhas de crescimento profissional, no âmbito do Fórum Permanente de Negociação (SindusCon-SP, FetiCom-SP e SintraCon-SP);
  • Curso de Especialização (pós-graduação lato sensu), em convênio firmado junto ao Instituto Mauá de Tecnologia, já em andamento;
  • Capacitação de mulheres no setor, com parceria a ser firmada entre SindusCon-SP, SENAI-SP e ONG Mulher em Construção;
  • Seleção e qualificação de refugiados, a partir de projeto muito bem-sucedido, implementado por uma das nossas associadas, a Construtora Tenda, e entendimentos a serem iniciados entre o SindsuCon-SP, Secovi-SP e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) ou Agência da ONU para Refugiados. Trata-se de uma agência da Organização das Nações Unidas que atua para assegurar e proteger os direitos das pessoas em situação de refúgio em todo o mundo.

Na sequência, o evento explorou temas afins: Plano de carreira e trilha de conhecimento de operário de obras (Fábio Barros, Diretor Executivo de Engenharia da Construtora Tegra), a importância da inteligência de dados na área de suprimentos e como os dados de obra apoiam as decisões estratégicas das empresas (Felipe Canuso, AutoDoc).

Participou também Eduardo Torciano, Head de Suprimentos da Bild Desenvolvimento Imobiliário & Vitta, que apresentou a Inteligência de Dados em Suprimentos como chave para otimizar a cadeia de fornecimento e fortalecer a competitividade.

 

Fonte: Sinduscon-SP – Por Redação SindusCon-SP – 01/11/2024

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