A produtividade do trabalho na indústria brasileira cresceu 4,3% entre 2016 e 2017 e ficou 2,3% superior à média dos principais parceiros comerciais em relação ao ano anterior. A conclusão é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em pesquisa na qual compara o desempenho brasileiro com a média de Estados Unidos, Argentina, Alemanha, México, Japão, França, Itália, Coreia do Sul, Holanda e Reino Unido.

O avanço de mais de 4% da produtividade da indústria de transformação no Brasil só não foi maior que a apresentada pela Coreia do Sul, que cresceu 5,8%. Já a Holanda apresentou desempenho semelhante: 4,2%. Em seguida aparecem Argentina, com 3,8%, e Japão, com 3,3%. A produtividade do trabalho é medida como o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas para produção.

A economista Samantha Cunha, da CNI, afirma que é preciso que o Brasil avance ainda mais nessa medida. "Apesar do ganho que tivemos nos anos mais recentes, a competitividade continua sendo um importante desafio para a indústria brasileira e depende da superação de dificuldades como aumentar a qualidade da educação no país e o investimento em ciência e tecnologia", disse ela.

No acumulado da última década, entre 2007 e 2017, a produtividade do Brasil comparada com a média dos países parceiros ainda mostra uma queda de 1,8%.

A CNI estima que a greve dos caminhoneiros reduziu a produtividade do trabalho na indústria brasileira em maio. De acordo com entidade, a queda foi de 3,4% no segundo trimestre em comparação com o primeiro trimestre deste ano. E em outros anos, como em 2016, esse indicador aumentou no segundo trimestre.

"A tendência não é manter um crescimento forte, mas esse resultado é atípico, pois refletiu a greve dos caminhoneiros no mês de maio", afirmou Samantha Cunha. "O que observamos, desde o segundo trimestre de 2016, é uma recuperação da produtividade do trabalho na indústria brasileira", disse a economista. "Se a gente compara o primeiro trimestre de 2016 com o segundo de 2018, ainda vemos um aumento de 5,5% da produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira."

A expectativa é que o indicador de produtividade volte a refletir nos próximos trimestres o aumento de eficiência que foi observado desde 2016. "Nós não podemos dizer que a tendência mudou e que a indústria deixou de ser eficiente", disse Renato Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI. "Estava havendo, de fato, um crescimento, influenciado pela crise econômica, que havia forçado as empresas a ficar mais eficientes, a reduzir custos, e que também forçou o trabalhador a ser mais eficiente para não perder o emprego", completou.


Fonte: Valor - Macroeconomia, por Juliano Basile , 10/10/2018