O ritmo de construção das seis arenas que devem ser usadas na Copa do Mundo de 2014 e ainda não foram entregues gerou polêmica entre o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, e as empresas responsáveis pelas obras. Faltando pouco mais de quatro meses para o prazo final de entrega, seis estádios estão com 71,4% a 85% das obras prontas. De acordo com os consórcios e construtoras envolvidos na construção, não é preciso acelerar os respectivos cronogramas para que o prazo de entrega definido pela Fifa - 31 de dezembro - seja cumprido.

A postura é contrária à declaração feita na semana passada pelo ministro dos Esportes Aldo Rebelo que, durante audiência pública em Brasília, disse que será necessário um aumento no ritmo das obras para que os prazos sejam cumpridos. Ouvidos pelo Valor, os responsáveis pelas arenas de Cuiabá, Curitiba, Manaus, Natal, Porto Alegre e São Paulo garantiram o cumprimento dos prazos.

A Arena da Baixada, em Curitiba, é a que estava com menor porcentagem de conclusão no início de agosto (71,4%). No entanto, o responsável pela obra explica que, como o estádio está sendo reformado, o percentual de execução evolui mais rapidamente. O Clube Atlético Paranaense, que administra a obra tocada pela construtora OAS, afirmou que "as obras estão dentro do planejamento e do prazo estabelecido para a entrega." Apesar da tranquilidade, houve mudanças em relação ao projeto original. Por causa do tempo apertado, a pedido da Fifa, a cobertura retrátil será instalada após a Copa.

Os responsáveis pelas arenas da Floresta e das Dunas, em Manaus e Natal, respectivamente, também afirmaram que o prazo estipulado será respeitado. A obra manauara, a cargo da Andrade Gutierrez e estimada em R$ 604 milhões, está com as frentes aceleradas, "principalmente nas instalações da cobertura e da fachada", diz a empresa. A previsão é que no próximo mês a construção avance mais 10% e chegue a 86% de conclusão. Esse incremento, contudo, estava previsto no cronograma. Em Natal, o consórcio que administra o estádio se limitou a dizer que as obras serão entregues até o fim do ano.

Em Cuiabá a situação é similar à dos potiguaras. A Secopa mato-grossense afirmou que o ritmo atual das obras está "acelerado", com 1,5 mil operários trabalhando. No mês que vem, mais 300 serão incorporados ao canteiro de obras. Mas o aumento no total da mão de obra não é para cumprir o prazo de entrega. O reforço refere-se ao acabamento e finalização de setores do estádio, que requerem maior número de operários.

No Beira-Rio, em Porto Alegre, a informação é a de que não há preocupação em relação a prazos. Marcelo Flores, presidente da Brio, holding criada para tocar as obras de reforma do estádio junto com a Andrade Gutierrez, diz que "no momento não faz-se necessário utilizar uma medida de aceleração [das obras], pois os trabalhos estão seguindo o cronograma."

Mais avançada, com 85% da obra concluída, a Arena Itaquera, em São Paulo, está com "os trabalhos em dia" segundo a Odebrecht. O estádio que será entregue ao Corinthians foi o que menos causou preocupação a Rebelo durante a audiência pública. A arquibancada móvel, no entanto, não deve estar na entrega de dezembro. A construção, com capacidade para 20 mil torcedores, está a cargo do governo estadual paulista. A Odebrecht afirma que vai prestar apenas assistência para a instalação e desinstalação do módulo.

As outras seis arenas que sediarão a Copa já foram entregues. O custo total desses estádios somou R$ 5,06 bilhões. As seis arenas que estão em construção têm custo total estimado em R$ 2,92 bilhões.


Fonte: Valor Econômico, por Rodrigo Pedroso, 26/08/2013