A inflação afetou pela quinta vez a confiança do consumidor paulistano em julho, apontam dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) divulgados nesta segunda-feira (5).

O ICC (índice de confiança do consumidor) caiu 5,7% em julho na comparação mensal, para 136,7 pontos. Em relação a julho de 2012, quando o índice registrou 160,6 pontos, a queda do indicador foi de 14,8%.

A escala vai de 0 (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).

É a quinta queda mensal seguida do indicador no ano. A última vez em que o ICC teve alta foi em fevereiro, quando apontou 165,85.

Segundo a Fecomercio, o principal motivo dessa retrãção é a inflação, que afeta negativamente a renda real do consumidor.

"Em julho, parte da perda de confiança também pode ser atribuída ao sentimento de insatisfação visto nas ruas, fenômeno que tende a mexer com as percepções do consumidor", apontou a Federação, em nota.

PERSPECTIVAS

O aumento dos preços deve continuar impactando o indicador até o fim do ano, mas com menos intensidade.

Isso porque o índice oficial da inflação, o IPCA, deve desacelerar e encerrar o ano a 5,75%, de acordo com o boletim Focus.

A previsão do mercado vai em linha com a estimativa do ministro Guido Mantega (Fazenda), que vê o IPCA convergindo para dentro da meta, após ter batido 6,70% e estourado o teto em junho.

De acordo com Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP, se a inflação persistir e o nível de atividade econômica não se recuperar, a tendência é de que os níveis do indicador permaneçam nessa trajetória de queda.

"E o problema fica mais grave se houver aumento no nível do desemprego e queda na renda real do trabalhador, porque o consumidor reage muito rapidamente às oscilações de variáveis como emprego, renda e inflação", afirma.

Em junho, o desemprego registrou a primeira alta desde 2009, de 5,8% para 6%, na comparação anual.

INDICADORES

De acordo com a Fecomercio, os dois componentes do ICC caíram em julho. O ICEA (índice de condições econômicas atuais) registrou baixa de 7,5%, de 147,5 pontos para 136,4 pontos. Já o IEC (índice de expectativa do consumidor) apresentou retração de 4,5%, até 136,9 pontos.

O quesito foi impactado pela queda de 10,8% na confiança dos consumidores com renda superior a 10 salários mínimos, que saiu de 150,1 para 133,9 pontos na comparação mensal.

Entre os consumidores que ganham menos de 10 salários mínimos, a queda do ICEA foi de 5,9%, passando de 146,2 pontos para 137,6 pontos.

Já o IEC aponta que os consumidores com renda superior a 10 salários mínimos estão 2,8% mais otimistas em relação ao futuro na avaliação mensal, passando de 133,5 para 137,3 pontos.

No entanto, em relação a julho de 2012, quando registrou 168,2 pontos, houve retração de 18,4%.

O índice de expectativas do consumidor que recebe menos de 10 salários mínimos apresentou queda de 7,6%, para 136,8 pontos.

Outro fator que chama a atenção de Carvalho é a avaliação dos consumidores em relação ao futuro. "O futuro é sempre mais otimista que o presente, mas na pesquisa nós tivemos pessoas avaliando o presente melhor que o futuro", diz.


Fonte: Folha de São Paulo, 05/08/2013