Cerca de 900 pessoas do Movimento Sem Teto ocuparam um prédio abandonado na altura do número 311 da rua Conselheiro Crispiano, no centro de São Paulo. As 320 famílias estão no edifício desde o último domingo e só pretendem sair quando a prefeitura da capital paulista fizer o cadastro para que tenham uma moradia.

“Ainda não tivemos nenhum retorno, nem do proprietário do prédio, que é particular, nem da prefeitura. Independente do tempo vamos ficar aqui. Só saímos com moradia ou cadastro em mãos. Chegamos aqui sem água e luz, mas aos poucos conseguimos pelo menos no primeiro andar do prédio”, disse Vladimir Ribeiro Brito, coordenador geral do MST.

De acordo com ele, os 14 andares do prédio estão ocupados por pessoas de Heliópolis, vila Arapoá e muitas do centro de São Paulo e Sacomã. Vladimir disse que o grupo chegou à região central na sexta-feira e acampou em frente à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Porém, após pedidos da guarda civil e da secretaria, eles deixaram o local e habitaram o prédio na rua Conselheiro Crispiniano, onde antigamente funcionava o Museu do Disco.

“Esse prédio está há sete anos parado, sem função. Não queremos auxílio, bolsa aluguel, nada disso. Queremos moradia, é um direito nosso. Se eu tiver um cadastro em mãos saímos do prédio”, pediu Vladimir.

Juliana Marine Silva de Santana está morando no prédio com os três filhos, de oito, cinco e quatro anos. Chorando, ela contou que, apesar de hoje ter conseguido dormir com tranquilidade, não tem mais esperanças de conseguir uma moradia.

“Eu posso trabalhar, tenho estudo e tenho condições de trabalhar. Mas estou sem esperança, minha única alegria é ver meus filhos dormindo e comendo. Estou lutando para sobreviver, tentando ao menos uma casa e um teto”, disse Juliana, que afirmou receber R$ 160 de auxílio da prefeitura.

A administração municipal foi procurada pela reportagem do Terra, mas ainda não se manifestou a respeito.


Fonte: Terra, 22/07/2013