O presidente da Inter B Consultoria Internacional, Claudio Frischtak, disse que o país precisa investir cerca de 4% do PIB em infraestrutura por ano. E isso para ter uma infraestrutura modernizada, mas não de "fronteira" (ou seja, avançada), como a de países como Alemanha e Israel. Nesse caso, avaliou, seriam necessários investimentos da ordem de 6% do PIB.

Ele estimou que neste ano, os investimentos em infraestrutura em seu conjunto, públicos e privados, devem ser em torno de 1,81% do PIB, ligeiramente menor que o 1,87% do PIB do ano passado. "Não chegamos a 2% e não compensamos a depreciação de capital."

Segundo ele, o investimento em infraestrutura deveria ser política de Estado, não de governo. E lembrou que há impactos importantes em termos de produtividade e competitividade. Citou outras implicações, como no caso do saneamento, cujo investimento reduz doenças e, com isso, gastos na área de saúde.

Para ele, em quadro de recursos públicos escassos, é preciso articulação entre o setor público e o privado. "É essencial carteira de projetos sujeitos a ex-ante a uma análise de custo-benefício séria e com publicidade", disse. "O envolvimento privado é importante. É preciso ter interesse na percepção do setor privado", comentou, acrescentando que falta interação entre governo e setor privado. Ele também ressaltou a necessidade de segurança jurídica, fortalecendo as agências reguladoras e diminuindo a incerteza.

Frischtak participou do seminário "Os Desafios do Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento Econômico do Brasil".

No mesmo evento, o economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Nelson Marconi tratou do problema do crescimento dos gastos públicos na área de pessoal. Segundo ele, o principal motor do salto nessa despesa foi a remuneração dos servidores, pois a quantidade dessa mão de obra não teve variação significativa.

Marconi disse que em 20 anos a despesa com pessoal praticamente dobrou em termos nominais. E, no caso dos Estados, teve o mesmo movimento, mas em um prazo menor, de dez anos. "Deveria haver comitê de remuneração do setor público."

Ele também chamou a atenção para a forte alta das despesas com inativos nos Estados, problema que, segundo ele, se resolve com reforma da Previdência. Para o economista, é preciso ter planejamento para se olhar onde haverá necessidade de pessoal.

O jornalista viajou a convite da Secretaria de Planejamento do Ceará


Fonte: Valor-Brasil, por Fabio Graner -De Fortaleza, 11/06/2019