A elevação de preços e a aquisição de um maior volume de produtos importados ajudaram a indústria de transformação a aumentar o faturamento real, apesar da fraca produção física neste início de ano. No primeiro trimestre, enquanto a produção caiu 0,2%, o faturamento real ficou 2,7% maior, ambos na comparação com o mesmo período de 2012.

Entre os 20 principais setores da indústria de transformação, 13 encerraram o trimestre com ganho real de faturamento entre 0,4% e 14,4%. Desses, dez fizeram, no mesmo período, reajuste de preços acima da inflação ou elevaram a quantidade da importação, segundo dados obtidos nas pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Edgard Pereira, professor do Instituto de Economia da Unicamp, aponta os aumentos de preços em produtos de madeira (9,4%) e na alimentação (8,78%) - segundo a variação do Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo IBGE nos 12 meses encerrados em março -, como exemplos de reajustes acima da inflação média que ajudaram na recuperação do faturamento. Nem todos os setores, porém, ganharam com essa estratégia. No segmento de bebidas, apesar do aumento de 10,14% no preço médio de saída da fábrica, o faturamento caiu.

A alta no volume importado no trimestre beneficiou o faturamento de alguns setores, mas não de todos. Analistas indicam que essa ligação entre o aumento nos volumes desembarcados e a alta de faturamento é clara em vestuário, calçados, farmoquímicos e farmacêuticos, máquinas e aparelhos elétricos e produtos de metal, com exceção de máquinas. Vestuário é considerado um caso típico, com crescimento forte do faturamento (12%), das importações (9%) e dos preços (5%), mas queda na produção (7%).

Em outros setores, os estoques continuam fazendo diferença, como em máquinas e equipamentos. Tanto a produção física quanto o volume de importação de máquinas caíram - 2% e de 0,8%, respectivamente -, mas o faturamento subiu de forma surpreendente, com alta de 14,4%. "As indústrias estão vendendo o que estocaram em períodos anteriores, mas a demanda ainda não gerou alta de produção", diz Júlio Gomes de Almeida, também da Unicamp.


Fonte: CBIC, por Mayara Jesus Santana, 13/05/2013