Após sinais de resistência da alta dos preços, economistas de instituições financeiras elevaram a perspectiva para a inflação neste ano e no próximo, mostrou a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira.

Tanto para este ano quanto para o próximo, a projeção para o IPCA foi elevada a 5,80 por cento, ante 5,71 por cento e 5,76 por cento, respectivamente, na semana anterior.

O Top 5 --instituições que mais acertam as projeções-- também elevou a estimativa para o IPCA neste ano para 5,81 por cento, ante 5,76 por cento anteriormente pela mediana e no médio prazo. Mas para 2014 a projeção foi reduzida a 5,40 por cento, ante 6,05 por cento no levantamento anterior.

A inflação ao consumidor brasileiro acelerou em abril a 0,55 por cento, acima da expectativa do mercado, influenciada pelos preços dos alimentos e dos remédios. Mas ao avançar a 6,49 por cento em 12 meses, voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo, de 6,5 por cento.

No Focus, a projeção para os próximos 12 meses foi reduzida a 5,57 por cento, ante 5,59 por cento anteriormente.

Com os fortes sinais de preços ainda pressionados, o governo veio à público para defender que a trajetória da inflação é de queda. Primeiro, foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentando que o governo está tomando as medidas para impedir o contágio da alta dos preços entre os setores da economia.

Na sexta-feira, foi a vez do presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmando que a entidade está vigilante e que fará o necessário para reduzir a inflação e, com isso, aumentar a confiança na economia brasileira.

O fato de os preços mostrarem-se persistentemente elevados vêm preocupando o governo, ao acontecer exatamente num momento de recuperação econômica frágil.ž

Ainda assim, os temores com a inflação levaram o Banco Central a iniciar mais um ciclo de aperto monetário no mês passado, elevando a Selic em 0,25 ponto percentual, a 7,50 por cento ao ano.

No Focus, os economistas mantiveram pela terceira semana seguida a perspectiva de que a taxa básica de juros encerrará este ano a 8,25 por cento, mesmo nível esperado para o final de 2014.

No mercado futuro de juros, no entanto, as apostas de que a Selic irá a 8,50 por cento ao ano cresceram, apesar de ainda não serem maioria, justamente pela inflação ainda pressionada.

Para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), neste mês, os economistas também continuam vendo alta de 0,25 ponto percentual, para 7,75 por cento.

Entre o Top 5, também foi mantida a perspectiva de Selic a 8,25 por cento tanto para este ano quanto para 2014.

ATIVIDADE

Sobre o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, os economistas mantiveram a perspectiva de expansão de 3 por cento, acelerando para 3,5 por cento em 2014, conta também inalterada.

Entretanto, para a produção industrial, a perspectiva de crescimento neste ano foi elevada a 2,53 por cento, contra 2,39 por cento na pesquisa anterior. Para 2014, a projeção é de crescimento de 3,55 por cento, sem alteração ante a semana anterior.

O Focus mostrou ainda que os economistas elevaram ligeiramente suas contas sobre o câmbio no final deste ano após dez semanas sem alteração, com o dólar a 2,01 reais, ante 2,00 reais anteriormente.

Os analistas consultados também pioraram suas contas para o saldo da balança comercial e, neste ano, veem superávit de 9,05 bilhões de dólares, quase 1 bilhão de dólares a menos do que na semana anterior. Para 2014, as projeções caíram a 10,20 bilhões de dólares, ante 10,80 bilhões de dólares.

Com isso, mostrou o Focus, as expectativas sobre o déficit em conta corrente do país pioraram neste ano, a 70,05 bilhões de dólares, ante 70 bilhões de dólares.


Fonte: Reuters, por Camila Moreira, 13/05/2013