Os modelos de trabalho híbrido, que estão nos planos de muitas empresas para o pós-pandemia, preocupam os brasileiros principalmente pela falta de conexão interpessoal bem como de acesso a materiais e recursos do ambiente físico de trabalho. Esta é uma das conclusões de uma pesquisa feita em abril pela empresa americana de videoconferência Zoom.

O levantamento feito com 7.600 pessoas em dez países, incluindo cerca de 1.000 participantes do Brasil, mostra que 53% dos brasileiros se preocupam com a falta de conexões pessoais e 49% com a falta de materiais e recursos de escritório no modelo de trabalho híbrido.

Rotinas de trabalho irregulares e dificuldade de acessar outras equipes e departamentos da empresa também preocupam, respectivamente, 44% e 41% dos respondentes brasileiros sobre o modelo de trabalho dividido entre os ambientes on-line e o presencial.

Quanto à viagens de trabalho, 68% dos pesquisados no país disseram que pretendem retomar as viagens corporativas após a pandemia, sendo que 38% esperam viajar com mais frequência do que antes.

Já no pós-pandemia, somente 7% dos participantes pretendem usar exclusivamente ferramentas de videoconferência para negócios, enquanto 70% disseram que usarão os recursos virtuais e presenciais. Os 23% restantes responderam que presentem fazer apenas reuniões presenciais com o fim do isolamento social.

Usar ferramentas de videoconferência para acesso a serviços públicos é a prioridade dos brasileiros após a pandemia. Na sequência, os respondentes priorizam as ferramentas colaborativas em serviços financeiros, varejo, negócios e celebrações.

Durante a pandemia, as atividades mais frequentes no uso de softwares de videoconferência são conversas com familiares e amigos, reuniões de trabalho, festas de aniversário, consultas médicas, aulas, encontros religiosos e treinamentos.

Quando perguntados sobre as atividades mais realizadas por videochamadas recentemente, o uso para educação ficou em primeiro lugar para 71% dos brasileiros, seguido por negócios (69%), celebrações (60%), entretenimento, como shows ao vivo (58%), e teleconsultas (29%).

A maior parte dos brasileiros entrevistados planejam retomar as atividades presenciais após a pandemia, especialmente para celebrações, cuidados com a saúde e na busca por imóveis. Quando se trata de serviços do governo, quase um terço dos brasileiros (27%) disseram que preferem o atendimento exclusivamente virtual. Já 15% optaram por continuar acessando conteúdos de entretenimento apenas virtualmente depois da pandemia.

Quando abordados sobre o que sentem a respeito das videochamadas, no futuro, 90% dos brasileiros disseram que o uso das ferramentas terá continuidade, já que “tudo terá um componente virtual”. A segunda resposta mais frequente, para 88% dos participantes, foi que “a videochamada ajudou a combater a solidão”.

A continuidade do uso de ferramentas de videoconferência é vital para os negócios do Zoom, empresa avaliada em US$ 86,7 bilhões. Esse já não é o caso de ferramentas como Meet do Google, Teams da Microsoft, e o WhatsApp do Facebook, que não são as principais fontes de receita destas empresas.

No acumulado do ano fiscal de 2021, que foi de janeiro de 2020 a 31 de janeiro deste ano, a receita do Zoom alcançou R$ 2,6 bilhões, 326% superior ao resultado do ano fiscal anterior. O lucro líquido anual somou US$ 671,5 milhões, ante um lucro de US$ 21,7 milhões no ano anterior.

De acordo com os dados mais recentes divulgados pela empresa, de dezembro de 2019 a abril de 2020, o número de reuniões diárias pelo Zoom saltou de 10 milhões para 300 milhões, refletindo o início da pandemia.


Fonte: Valor Econômico - Empresas, por Daniela Braun, Valor — São Paulo, 10/05/2021