Indicadores antecedentes e coincidentes de atividade já disponíveis para fevereiro sugerem que parte das perdas registradas em janeiro deverá ser recuperada no mês do Carnaval. A projeção dos economistas é de aumento tanto da produção industrial, quando das vendas do setor varejista.

A estimativa preliminar da LCA Consultores para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em fevereiro é de uma alta de 0,2%, na comparação mensal ajustada, e avanço de 1% na base anual. Em relação a fevereiro de 2017, a consultoria espera avanço de 4,5% na produção industrial, de 5% nas vendas do varejo ampliado e queda de 0,4% no volume de serviços. A LCA não tem projeções para cada um dos indicadores na base mensal ajustada, porque o IBGE está mudando os fatores sazonais das pesquisas de atividade.

Indicadores compilados e dessazonalizados pela LCA apontam sinais mistos, mas o balanço entre eles pende para um bom desempenho da atividade em fevereiro. Entre os indicadores da indústria, cresceram a produção de motocicletas (10,2%), de caminhões e ônibus (0,3%), além da confiança (1%) e utilização da capacidade (1,2%). Por outro lado, caíram o fluxo pedagiado de veículos pesados (1%), vendas de papelão ondulado (-0,8%), produção de automóveis (-3,2%) e consumo de energia (-5,2%).

Entre os antecedentes do comércio, avançaram as vendas de veículos (3,6%), o indicador de atividade do comércio da Serasa (2%), as consultas ao SPC de São Paulo (2,6%) e ao Usecheque (3,4%), enquanto caiu o fluxo de veículos leves (-1,1%) e a confiança do consumidor (-1,6%).

"Para fevereiro, projetamos uma rodada de dados um pouco melhor do que janeiro, compensando em parte essa fraqueza", afirma Artur Manoel Passos, economista do Itaú. Para a produção industrial, a projeção preliminar do banco é de um avanço de 0,5% em fevereiro, na base mensal ajustada, após queda de 2,4% em janeiro, em igual comparação.

Para o varejo restrito, a expectativa da instituição financeira é de estabilidade, enquanto o ampliado (que inclui as vendas de automóveis e materiais de construção) deve também crescer 0,5%, após avanços de 0,9% e queda de 0,1%, respectivamente, em janeiro. O Itaú não faz projeção para o IBC-Br, mas seu PIB mensal para fevereiro está em 1,2%, após queda de 0,4% em janeiro.

"O licenciamento de veículos veio bom, o indicador de atividade do varejo da Serasa também veio com alta na margem em fevereiro. Na produção, o quadro é mais misto, o uso da capacidade subiu, a importação de itens relacionados à atividade também cresceu, mas na outra ponta a expedição de
papelão ondulado e o tráfego de veículos pesados vieram um pouco mais fracos", afirma Passos. "Quando combino todos esses indicadores, o saldo é de alta no mês, tanto da produção industrial, quanto do comércio e serviços. "

Outro destaque em fevereiro podem ser os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostra o comportamento do emprego formal no mês. A estimativa do Itaú é de criação líquida de 110 mil empregos em fevereiro, ou 40 mil no dado dessazonalizado. O banco Fator calcula a criação de postos formais em 117,2 mil. Em janeiro, foram criadas 77,9 mil vagas formais no país.


Fonte: Valor - Macroeconomia, por Thais Carrança, 21/03/2018