Os analistas de mercado reduziram suas projeções para a inflação deste ano, mas, apesar disso, elevaram suas apostas para a taxa básica de juros, informa o boletim Focus, do Banco Central, que colhe estimativas entre cerca de cem instituições.

A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano caiu de 6,0% para 5,89%. Em 12 meses a estimativa seguiu em 6,0% e, para 2015, continuou em 5,70%. A revisão para baixo da inflação em 2014 ocorre após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informar que o IPCA subiu 0,55% em janeiro, bem abaixo das projeções do mercado. Para alguns economistas, o resultado sugere uma inflação menor que a esperada no primeiro trimestre deste ano.

A despeito disso, a mediana das estimativas para a Selic expressa no Focus subiu de 11% para 11,25% em 2014 e de 11,88% para 12% em 2015. A taxa está atualmente em 10,5% e o Comitê de Política Monetária (Copom) reúne-se em 25 e 26 de fevereiro para definir um novo percentual. O IPCA de janeiro deu mais suporte aos que acreditam numa alta de 0,25 ponto, em vez do 0,50 ponto que vinha sendo imprimido pela autoridade monetária nas últimas reuniões.

Entre os analistas Top 5 - aqueles que mais acertam as previsões - também caiu a expectativa de inflação para este ano, enquanto a projeção da Selic, que já vinha mais alta que a do mercado em geral, foi mantida, no caso das medianas de médio prazo.

A mediana de médio prazo para o IPCA em 2014 caiu de 6,20% para 5,86%, enquanto a da Selic seguiu em 11,75%.

Para 2015, a mediana de médio prazo do grupo para o IPCA recuou de 6% para 5,80% e a da Selic seguiu em 12,25%.

Quando se verifica as médias de médio prazo há também queda no IPCA (de 6,20% para 5,86% em 2014 e de 5,92% para 5,62% em 2015), e queda na Selic de 2014, de 11,80% para 11,60%. Mas se verifica aumento na Selic de 2015, de 11,88% para 12,00%.

Atividade econômica

A projeção do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 teve pequena queda, de 1,91% para 1,90%, enquanto a da produção industrial cedeu mais uma vez, agora de alta de 2% para avanço de 1,93%.

Para 2015, a estimativa para o crescimento do PIB seguiu em 2,20%, mas a da produção industrial recuou de 3% para 2,95%.

As revisões ocorrem após o tombo de 3,5% na produção industrial em 2013, ano em que o setor apurou crescimento de apenas 1,2%, segundo dados divulgados pelo IBGE na semana passada. Esse avanço não foi suficiente para compensar a forte queda da indústria em 2012, de 2,5%.

O resultado da indústria provocou revisões para o PIB do quarto trimestre do ano passado, que será divulgado no fim deste mês pelo IBGE, e também para este ano. Nomura, e os bancos Fibra e Credit Suisse reduziram suas expectativas para o crescimento do PIB em 2014 a 1,5%.


Fonte: Valor, por Ana Conceição , 10/02/2014