Os produtos e serviços mais consumidos no Carnaval acumularam alta de preços de 5,32% entre fevereiro do ano passado e janeiro deste ano. A variação é pouco superior à de 5,25% registrada pela mesma cesta de itens nos 12 meses anteriores ao feriado em 2017, mas ainda é menos da metade da inflação de 12,74% que os foliões enfrentaram em 2016, segundo levantamente divulgado pela Fundação Getulio Vargas nesta sexta-feira.

O dado chama ainda mais a atenção se for considerada a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da própria FGV e do seu Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), nos respectivos períodos. Embora seja previsível que os preços dos produtos e serviços mais procurados no Carnaval tenham uma alta superior à da cesta geral, a diferença para o indicador geral de preços da FGV nos últimos 12 meses foi proporcionalmente mais relevante do que nos anos anteriores.

Entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2018, o Índice de Preços ao Consumidor acumulado foi de 3,22%, quase a metade da inflação registrada no mesmo período pelos produtos e serviços mais associados à folia. Entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017, o IPC apontou inflação de 5,04%, bastante próxima dos 5,25% da inflação do Carnaval acumulada nos mesmos 12 meses. Entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016, com um IPC acumulado de 10,59%, foi mais difícil de perceber a diferença para a elevada alta de 12,74% nos preços do que costuma ser mais vendido durante a festa.

Neste ano, diferentemente do que ocorreu em 2017, mas semelhante ao anterior, as despesas com combustível são o destaque de alta nos 12 meses que antecedem o Carnaval na cesta de produtos que serve para cálculo da inflação da festa. A gasolina subiu 13,61% entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2018, figurando como líder absoluta na disparada de preços, seguida quase que imediatamente pelo gás natural veicular (9,61%). Em 2016, o etanol despontava como a maior variação de preços desde o mês de fevereiro anterior: 27,05% acumulados.

A FGV destaca que o preço das bebidas compradas no supermercado não teve aumento real nos últimos 12 meses. Ou seja, a variação ficou abaixo da inflação para bebidas destiladas (0,02%), cerveja (0,47%) e refrigerantes e água mineral (1,55%), assim como ocorreu com as refeições em bares e restaurantes, que tiveram alta de 3,15%.

?O calor não deve espantar os foliões, principalmente os que optarem por levar o isopor ou a bolsa térmica. Os preços das bebidas compradas nos supermercados, ou nos bares e restaurantes, subiram menos que a inflação?, diz o economista André Braz, responsável pelo levantamento e coordenador do IPC do Ibre-FGV, em comentário no relatório. ?Até mesmo refrigerantes e água mineral consumidos fora de casa tiveram alta menor que o IPC, ficando em 2,97%. Na contramão, estão as outras bebidas alcoólicas, cujos preços subiram mais que o dobro da inflação, registrando alta de 7,45%.?

Já os preços de hotéis, passagens aéreas, excursões e tarifas de ônibus urbanos aceleraram, mas, em média, menos que no ano passado. Para Braz, com a economia dando sinais de melhora, há espaço para aumento nos preços este ano. ?Esperamos que, em 2018, a atividade fique mais aquecida.

Nesse ambiente, os preços dos serviços tendem a avançar mais. Contudo, nada que ameace a meta de inflação, que continua em 4,5%. Por enquanto, a nossa expectativa é que o IPC suba algo em torno de 3,8% este ano?, afirma o economista.


Fonte: Valor - Macroeconomia, por Felipe Frisch, 09/02/2018