Uma "bolha imobiliária" vem se formando nas principais cidades do país, na opinião de muitos economistas. Esperada para os primeiros meses de 2014, um estouro dessa bolha jogaria muitas empresas em situações de calamidade: se a situação do setor já não vai bem sem isso, imagina com uma restrição drástica da demanda e com os preços dos imóveis em queda.

Por conta de todas essas dificuldades, o preço das ações de imobiliárias na BM&FBovespa está em patamares absurdamente baratos: das 17 construtoras listadas na BM&FBovespa, 12 valem menos do que seu patrimônio - indicando que as empresas estão descontadas. Para muitos, isso já mostra que o mercado teme uma retração do mercado imobiliário - principalmente nas principais praças, como Rio de Janeiro e São Paulo.

"Esse medo coloca o bode na sala, o mercado não está essa maravilha toda, o que ajuda nesse movimento negativo", alerta Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Muitas das empresas já estão em uma situação complicada financeiramente - com o aumento de custos - e já veem sua velocidade de vendas recuarem recentemente.

Ele destaca que muitas empresas já estão queimando caixa com o atual cenário, os custos dispararam e muitas estão com prejuízo - e só para conseguir entregar o que já foi lançado e vendido, muitas empresas estão em apuros. "Se for olhar exclusivamente para o valor patrimonial, elas estão descontadas. A empresa pode estar valendo 20% do valor patrimonial, mas está queimando caixa. Além disso, estamos em um cenário de elevação de juros, fica mais caro as pessoas financiarem", diz o analista.

Reestruturação das empresas

No momento, há de se dar destaque para o fato de muitas empresas do setor estarem estudando uma reestruturação - como a Cyrela (CYRE3) fez recentemente, que lhe permitiu ser uma das poucas imobiliárias que valem mais do que o patrimônio. "Muitas empresas querem se reestruturar, para parar de queimar caixa. É muito importante que elas o façam", destaca Müller.

Essa reestruturação significa controlar os custos e focar nos bons projetos - importante principalmente em um período em que a taxa de desemprego é baixa e a renda é crescente, que problemático para um setor que precisa de muita mão de obra. "O aumento dos custos acaba queimando muito caixa das empresas, então elas tiveram que se adequar, apertar os cintos. A cotação é um reflexo disso, o cenário é muito difícil nesse setor", finaliza Brugger.


Fonte: Obras 24 horas, 20/01/2014