As vendas internas de cimento devem voltar a crescer, em 2019, após quatro anos de retração. Depois da queda de 1,2% em 2018, para 52,69 milhões de toneladas, o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) projeta expansão de 3,3%, neste ano, para 54,4 milhões de toneladas. O SNIC espera que a demanda pelo insumo seja puxada por compras do setor privado para edificações residenciais, comerciais e industriais. Se confirmado, o desempenho vai interromper redução de vendas acumulada em quatro anos de 25,9%.

"É um sinal otimista fechar com crescimento, mas ainda estaremos longe de recuperar a atividade cimenteira no Brasil", afirma o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna. O volume projetado para 2019 corresponde à venda doméstica anualizada de junho de 2010. Já a comercialização de 2018 equivale ao volume interno anualizado de março de 2010. "Isso mostra a dramaticidade da crise da indústria do cimento", diz Penna.

O setor opera com capacidade ociosa de 47,2%. Há 20 fábricas fechadas - 12 integradas e oito moagens. Das 13 unidades do Estado de São Paulo, seis tiveram as atividades interrompidas. Segundo Penna, o acréscimo de vendas estimado para este ano não é suficiente para a retomada das operações de nenhuma fábrica, mas apenas de fornos.

Por outro lado, de acordo com Penna, caso as reformas sejam aprovadas, haja retomada das obras de infraestrutura e mudanças nas regras de licenciamento ambiental, o crescimento das vendas de cimento pode ser maior do que o projetado.

O setor iniciou o ano passado com expectativa de que haveria crescimento nas vendas internas de 1% a 2% ante 2017. A combinação de fatores como a piora dos indicadores econômicos e a greve dos caminhoneiros levaram o SNIC a esperar que poderia haver queda de 1% a 1,5%. Isoladamente, o impacto da greve já seria suficiente para que não houvesse expansão das vendas.

No mês de dezembro, as vendas de cimento somaram 3,964 milhões de toneladas, praticamente estáveis ante as 3,97 milhões de toneladas de um ano antes. As vendas por dia útil cresceram 7%, na comparação anual, para 188,8 milhões de toneladas.

Em 2018, as margens da indústria cimenteira foram pressionadas pelo aumento de custos com frete, combustíveis, coque e energia elétrica. Uma das saídas buscadas para reduzir os impactos da alta de custos dos insumos e melhorar as margens é a geração de energia térmica a partir da queima de resíduos que podem ser coprocessados nos fornos de clínquer. O setor tem incentivado a ampliação da demanda por cimento, por exemplo, pela divulgação de vantagens competitivas da utilização de concreto para a construção de estradas em relação ao asfalto.


Fonte: Valor, por Chiara Quintão - de São Paulo, 09/01/2019