No primeiro trimestre deste ano, unidades com até 45 metros quadrados representavam 8% do estoque residencial disponível na Baixada Santista
Cada vez mais forte nas grandes cidades, o mercado de apartamentos compactos (muitas vezes do tipo estúdio) já é realidade também na Baixada Santista. Dados divulgados pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP) mostram que, no primeiro trimestre deste ano, as unidades pequenas (com até 45 metros quadrados) representavam 8% do estoque residencial disponível na região. Já dentre os imóveis negociados no período (990 no total), 7% eram unidades compactas.
“Em Santos, o movimento dos compactos também está crescendo. A tendência dos apartamentos pequenos chegou, é uma realidade, cada vez mais teremos lançamentos com imóveis menores, não só estúdio, mas todos (1, 2, 3 dormitórios) mais compactos”, afirma o diretor regional do Secovi-SP, Carlos Meschini.
Segundo ele, a metragem desses imóveis varia de 28 a 32 metros quadrados, sendo a maioria estúdio ou com um dormitório. “Hoje, há lançamento na região para estúdio com 25 metros quadrados. É o que antigamente chamávamos de sala living, mas com uma adaptação mais moderna”, explica.
“O compacto é a bola da vez por várias questões: tendência, revolução urbana e, principalmente, porque as famílias estão menores. O comportamento das famílias também mudou: antes, as mulheres se dedicavam exclusivamente a cuidar da casa e dos filhos em imóveis maiores. Hoje em dia, ninguém tem tempo, então precisa otimizar espaços e essa é uma realidade que vai continuar”, analisa Meschini.
Gestor de lançamentos da imobiliária R3 Real State, Rafael Parrel confirma a oferta de compactos no mercado. “Em Santos, temos boas opções de 50 e 40 metros quadrados, por exemplo, mas vem ganhando força o estúdio na faixa dos 20 metros quadrados, que é uma metragem compacta que atende muito bem ao solteiro, ao casal sem filhos ou a um estudante, pois não chega a ser um apartamento minúsculo, ele consegue atender a uma grande carteira de clientes. Não há um perfil específico para compradores (de compactos)”, avalia Parrel.
“O apartamento compacto traz várias vantagens. Além dos custos mais baratos de IPTU, condomínio e faxina, é possível mobiliá-lo mais requinte e sofisticação, pois o custo vai ser menor em todos os sentidos”, enumera Parrel.
Investimento e preço
De acordo com os especialistas, os apartamentos tipo estúdio construídos próximos a universidades são procurados por estudantes e investidores (que compram para alugar). Os preços dependem da localização. “Esse tipo de imóvel está muito bem precificado. Em Santos, o que diferencia é a localização do empreendimento”, afirma Rafael Parrel.
“O preço é calculado por metro quadrado e depende da localização e da qualidade da construção. Quanto mais luxuoso, mais caro fica o metro quadrado”, explica Meschini. Segundo ele, a maior procura hoje é por apartamentos de aproximadamente 30 metros quadrados e sem garagem. “Essa é uma tendência que vai crescer em Santos com o avanço do VLT, com transporte público em alta e muita gente usando carros por aplicativo”, analisa.
Quanto ao valor, ele afirma que também segue tendência de alta. “O preço dos compactos de luxo é uma categoria que vem crescendo cada vez mais, (e caracteriza-se por ser) um lugar bom com apartamento pequeno. Dependendo da localização, o metro quadrado pode chegar a R$ 20 mil e há muita procura”, finaliza o diretor regional do Secovi-SP.
Redução no número de cômodos é opção no mercado
“Nos últimos anos, a área dos apartamentos diminuiu. Mas, no caso de Santos, ainda se mantêm apartamentos confortáveis em relação a espaço”, afirma o engenheiro Antonio Manoel Lopes de Carvalho, sócio-diretor da Plano & Forma Empreendimentos Imobiliários.
De acordo com o empresário, ao invés de reduzir todo o imóvel, o mercado também tem optado por eliminar alguns cômodos, como banheiro e quarto de serviço, além de integrar ambientes como sala, cozinha e terraço. “Dessa maneira, a área social segue favorecendo o convívio dos moradores e a possibilidade de receber visitas, o que é uma característica do santista”, explica.
O motivo principal dessa adaptação, segundo Carvalho, é oferecer produtos que caibam no bolso de mais clientes. “Os custos de construção em nossa região são altos por fatores como escassez de terrenos, fundações profundas e qualidade de acabamentos de nossas edificações. Após a pandemia, passamos por um grande aumento de insumos. Produtos com áreas menores proporcionam um preço de venda também menor”, garante.
Comparação
O empresário acredita que, em Santos, principalmente nos bairros próximos à praia, os apartamentos continuam bastante espaçosos quando comparados com o mercado paulistano, por exemplo. “Temos unidades de dois dormitórios variando entre 70 e 90 metros quadrados de área interna e de três dormitórios entre 100 e 120 metros quadrados. Essas são as metragens mais ofertadas e também as mais procuradas: o mercado oferta o produto que tem demanda”, conclui Carvalho.
Fonte: A Tribuna – Por ATribuna.com.br – 12/10/2024